segunda-feira, 21 de junho de 2021

25) Nação Zumbi e A Ficção Científica

Sempre gostei de assistir a filmes de ficção científica desde criança, mas só comecei a ler FC depois dos 18 anos, e isso eu devo à Nação Zumbi, que sempre flertou com a literatura especulativa em seus discos. A primeira vez que escutei e vi a banda foi pela televisão no programa Bem Brasil. Curiosamente eles estavam divulgando o então novo disco “Futura”, de 2005. Comecei atraído pelas percussões da banda e depois fui atrás da discografia, foi assim que entendi que aquela tinha sido a banda de Chico Science (olha o codinome da figura). Comprei os cds que existiam na época e logo me atraíram as discussões filosófico-científicas que estavam presentes nas letras, desde os tempos em que os jornalistas chamavam aquele movimento, em Recife, de Mangue Beat. Depois de ouvir o primeiro disco, o segundo e um disco de homenagens a Chico, gravado depois de sua morte, caiu em minhas mãos o Rádio S.A.M.B.A, ou Serviço Ambulante de Afrociberdelia, em que os integrantes assinavam as composições com seus pseudônimos: Jackson Bandeiro e Pixel 3000, entre outros. Esses temas futuristas misturados à brasilidade me fizeram ainda mais fã da banda, e o “Futura”, aquele que apresentaram na tevê, permanece como o meu disco preferido. 

As letras de Dü Peixe continuam a falar de coisas que gosto e mexem com a minha cabeça, além de seu jeito único de cantar e criar melodias muito simples. Sem contar que consegui, em 2006, ir a um show aqui em Beagá, o primeiro deles, e foi uma das melhores experiências da minha vida. Pois bem, a partir daí comecei a ler ficção científica, tirando todo o preconceito que eu tinha com o gênero na literatura - era óbvio que sentia isso porque não conhecia a literatura de ficção científica, então eu só imaginava o que poderia ser, baseado nas minhas experiências vendo filmes que, na maioria das vezes, diluíam toda a carga filosófica, sociológica e antropológica da FC em cenas de ação e efeitos especiais.



quinta-feira, 10 de junho de 2021

24) A Morte e o Meteoro

Depois de ir ao lançamento do livro aqui em Beagá, em 2019, e enfrentar a leitura sem muito entusiasmo da primeira vez, acabei de ler A Morte e o Meteoro, de Joca Reiners Terron, semana passada, em pequenas rajadas, assim como o escritor diz escrever. O livro conta a história de Boaventura, um indigenista aventureiro e sua missão para exilar os últimos cinquenta indígenas do Brasil, os Kaajapukugi, ameaçados de extinção depois da destruição da Amazônia. 

Eles serão transferidos ao estado de Oaxaca, no México. O livro é dividido em quatro capítulos, com o tempo cronológico tendo a consistência de uma gosma, em que passado e futuro se mesclam em um presente atemporal (louco, não?), característica que encontra eco no pensamento dos Kaajapukugi sobre a existência e a origem do mundo. A narração do livro fica por conta do substituto de Boaventura, já que este último morreu de forma misteriosa no decorrer da missão. Conforme a história é contada, somos envolvidos em uma trama que revela tensões, motivações e conspirações nada agradáveis em relação ao exílio dos Kaajapukugi. Indico, até porque aqui só escrevo sobre o que gosto.