Ela sacou da mochila um livro e perguntou
se eu já tinha lido aquele exemplar que a sua mão agora mordia.
- Esse eu não li, mas li um outro dele. O nome é “Um rio chamado tempo e uma casa chamada terra”.
- É a primeira vez que o leio. Eu curto. Ele brinca com as palavras.
Me falou isso como se tivesse descoberto a América. Estou cansado de autores que “brincam” com as palavras. Brincam tanto que esquecem de dizer algo. Literatura não é playground.
- Esse eu não li, mas li um outro dele. O nome é “Um rio chamado tempo e uma casa chamada terra”.
- É a primeira vez que o leio. Eu curto. Ele brinca com as palavras.
Me falou isso como se tivesse descoberto a América. Estou cansado de autores que “brincam” com as palavras. Brincam tanto que esquecem de dizer algo. Literatura não é playground.
Omiti minha opinião, apenas emendei que preferia o Guimarães Rosa.
Ela, indo para o
Recife fazer mestrado. Eu, olhando mais para a sua boca do que seus olhos,
quando dos lábios ouço um...
- Você é uma pessoa séria, Leandro.
- Eu?
- É. Você se considera uma pessoa séria?
- Acho que não.
- Você aceita qualquer tipo de brincadeira?
- Aceito.
Não respondi assim, rápido, como você leu. Fiquei pensando. O que seria uma pessoa séria? Eu sabia dizer até o momento dela me perguntar.
Depois me disse que ela, sim, não aceitava qualquer tipo de brincadeira, era a tal séria e por isso “sou desse jeito”. E sorriu.
De que jeito? Com aqueles óculos engraçados que mal cabiam nos olhos? Eu nunca tinha a visto como uma pessoa séria. Até porque eu não sabia o que era a tal seriedade.
“Sou desse jeito”, pediu para que lhe enviasse e-mails, desceu do ônibus e foi
para o Recife.- Eu?
- É. Você se considera uma pessoa séria?
- Acho que não.
- Você aceita qualquer tipo de brincadeira?
- Aceito.
Não respondi assim, rápido, como você leu. Fiquei pensando. O que seria uma pessoa séria? Eu sabia dizer até o momento dela me perguntar.
Depois me disse que ela, sim, não aceitava qualquer tipo de brincadeira, era a tal séria e por isso “sou desse jeito”. E sorriu.
De que jeito? Com aqueles óculos engraçados que mal cabiam nos olhos? Eu nunca tinha a visto como uma pessoa séria. Até porque eu não sabia o que era a tal seriedade.
Assim que eu chegasse ao trabalho - pois era pra lá que estava indo, não para Pernambuco -, procuraria no dicionário virtual a maldita palavra "sério".
Pessoa séria é para adultos. Eu ainda conservo aquela velha história de não confiar em ninguém com mais de trinta anos. A questão é que eu já tenho trinta anos. E dentro de mim já excluo os jovens como parâmetro de confiança. Tenho todos os requisitos para comprar um relógio e manter o cabelo aparado. Eu começo a me excluir, então. Tudo para me integrar.
É aquela velha história – acho que do
zen-budismo -, uma gota fora do oceano é apenas uma gota. Uma gota no oceano... é
oceano.
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